susana.f.salvador@dn.pt
Na contagem decrescente para o previsível anúncio na terça-feira da sua candidatura à Casa Branca em 2024, e no rescaldo da noite eleitoral que não trouxe a onda republicana que esperava, o ex-presidente norte-americano Donald Trump passou ao ataque. O alvo não é o presidente Joe Biden nem os democratas – que devem manter o controlo do Senado e perder o da Câmara dos Representantes por pouco – mas os eventuais adversários à nomeação republicana.
O governador da Florida, Ron DeSantis, que conquistou confortavelmente a reeleição e foi apontado como o grande vencedor republicano da noite eleitoral, foi o primeiro destinatário dos ataques de Trump. Mas o «grande perdedor», como vários media norte-americanos apelidaram o ex-presidente depois de os candidatos que apoiou não terem tido o sucesso previsto, não se ficou por aí. Ontem, o alvo foi o governador da Virgínia, Glenn Youngkin, um empresário em ascensão no partido.
Ainda na campanha, DeSantis foi chamado de «DeSanctimonious» por Trump, num jogo de palavras entre o seu apelido e a palavra » sanctimonious «, que significa hipócrita. O ex-presidente alega que foi o seu apoio que o levou a conquistar a Florida em 2018, dizendo na quinta-feira à noite que ele não é nada de especial no cargo – é um «governador médio». Isto depois de vários media conservadores terem elogiado DeSantis – o New York Post , que já foi o favorito de Trump, disse que ele era o futuro. O ex-presidente também já ameaçou divulgar informação prejudicial que terá sobre ele.
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Subscrever Youngkin foi o alvo de ontem e Trump também não resistiu a brincar com o apelido do governador da Virgínia – que não foi a votos nestas eleições. «Young Kin (agora essa é uma abordagem interessante. Soa chinês, não soa?) na Virgínia não poderia ter ganho sem mim», escreveu o ex-presidente na sua rede social, a Truth Social. «Eu dei-lhe o meu apoio, fiz um grande comício Trump para ele por telefone, consegui que a MAGA [nome pelo qual são conhecidos os seus apoiantes, das iniciais de Make America Great Again , tornar a América grande de novo] votasse nele – ou ele nem teria chegado perto de vencer», acrescentou, dizendo que ele sabe isso e que está sob pressão dos democratas.
Não se percebe porque é que resolveu atacar agora Youngkin, com o site Politico ou o The Hill a sugerirem que terá sido depois de a sua número dois, a vice-governadora Winsome Earle-Sears, ter dito ao The Washington Post que «um verdadeiro líder percebe quando se tornou num risco» e que não poderia apoiar uma terceira candidatura de Trump à Casa Branca. Houve quem lesse nesta declaração um apoio ao governador. Youngkin tem sido apontado como uma «estrela em ascensão» no partido e o seu nome tem sido falado ao longo deste ano como possível candidato a 2024. O facto de ter sido visado por Trump poderá servir para chamar mais a atenção para si.
Quem será o próximo alvo de Trump? Poderá ser Mike Pence, que vai lançar o seu livro de memórias enquanto vice-presidente, onde alegadamente atribui ao ex-presidente a culpa pela invasão do Capitólio. So Help Me God (Que Deus me ajude) será lançado na terça-feira, o mesmo dia em que Trump tem previsto um «grande anúncio» em Mar-a-Lago, o seu clube na Florida. Hoje, o ex-presidente deve contudo esquecer por momentos a corrida à Casa Branca ou as intercalares – os votos continuam a ser contados e na Câmara dos Representantes os republicanos têm 211 eleitos (estão a sete da maioria) e os democratas têm 194, com 30 corridas em aberto. É que Tiffany, a filha mais nova, vai casar.
susana.f.salvador@dn.pt